Verônica Marques*
Museu de Arte Moderna - MAM RJ - Foto Ricardo Pimentel/Imagemagia
Ao longo dos últimos anos, novos movimentos foram consolidados no empreendedorismo das indústrias criativas. Outras estratégias e ações foram desenvolvidas para que negócios e profissionais pudessem dar respostas contínuas aos processos de disrupção e fragmentação do mercado. Este panorama, ao mesmo tempo em que ampliou os desafios, também colocou em pauta discussões novas, como a importância da experimentação na era do conhecimento, a ressignificação de espaços tradicionais e até as habilidades e características necessárias aos novos criativos para se tornarem agentes ativos das transformações do setor.
“A sociedade já apontava para tendências de consumo diferentes, mais sustentáveis, que hoje estão reverberando em novos conceitos nas empresas. Neste contexto, surgem novas perguntas e novos modelos, mas poucas respostas. A Economia Criativa dá conta dos grandes setores na era do conhecimento desta sociedade do intangível, mas precisamos conhecer mais o setor, formar empreendedores e empreendimentos e criar ambientes de inovação”, destaca Julia Zardo, da FIRJAN.
Olhar pelo prisma empreendedor na Economia Criativa implica ainda em um exercício de ressignificação de espaços tradicionais, como os museus. De acordo com Lucimara Letelier, do Museu Vivo/ MAM Rio, é preciso repensar o museu como um lugar de memória, mas também de catapulta ao desenvolvimento local, estando sempre em fluxo e em movimento para que seja possível prover crescimento resiliente para a sociedade e dar respostas para questões sociais prementes. Ela destaca ainda a importância de trazer a inovação com um valor para o setor dos museus, de forma que restaure o seu valor e dê relevância.
“Existem alguns aspectos que podem dinamizar o museu e a capacidade de se engajar com o espaço público. Por exemplo, sair da homogeneidade para o diverso, alterando o lugar de instituição para ser um recurso comunitário. Ser proativo e mais reativo, assumindo sua responsabilidade social e ambiental. E se integrar de forma multisetorial para estar conectado com a sociedade, podendo prover soluções para problemas de outros setores. Por outro lado, também é preciso olhar o profissional de museu como empreendedor e como agente de mudança”, afirma Lucimara.
A mirada do profissional de arte e cultura como empreendedor e gestor também é ressaltada pelo professor Danilo Dantas, da HÈC-Montreal. Ao apresentar os olhares sobre as indústrias criativas, ele ressaltou a importância de incentivos governamentais que entendam e incentivem a criatividade como geradora de riqueza e também de programas que acompanhem o setor das artes e da cultura e apoiem sua profissionalização.
Museu de Arte do Rio - MAR - Foto Ricardo Pimentel/Imagemagia
Dantas destacou a experiência da HÈC-Montreal, que oferta cursos de diversos portes para empreendedores das artes e da cultura, incluindo parcerias com várias organizações para a obtenção de conhecimentos e experiências internacionais. Também apresentou o hub de inovação e criatividade, que é voltado para gestores e outras atividades de fomento e intercâmbio para a gestão aprimorada dos setores culturais.
“Não podemos mais nos dar ao luxo de gerenciar mal os organismos culturais. Isso se deve, por exemplo, porque o apoio do governo é cada vez menor. Também porque existe uma competição muito maior por estes recursos, que são escassos. Assim, há uma questão de saber gerenciar os recursos e ainda de saber buscar recursos suplementares”, finaliza Dantas.
* Veronica Marques é docente da ESPM Rio e integra a equipe do cRio.
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