*Beatriz Aguiar
Vídeo: Adobe Stock Photos, 2020.
De acordo com o Dicionário Online de Português, palavra é a “capacidade que confere à raça humana a possibilidade de se expressar verbalmente, assim como, uma unidade linguística com significado próprio e existência independente que pode ser escrita ou falada”. Dessa forma, podemos considerar que é a partir das palavras que se constrói uma sociedade.
Dados do movimento Todos pela Educação (TPE) apontam que, no Brasil, o número de crianças de classe média alta bem alfabetizadas é seis vezes maior do que crianças que integram famílias com renda até um salário mínimo. Apenas 45% destas crianças têm o nível adequado de alfabetização e, dentre estas, apenas 24,9% sabem ler e escrever. Ou dito de outra forma, usam a palavra com desenvoltura.
“A relação da literatura infantil com a desigualdade, com a possibilidade de trabalhar essa imensa desigualdade, tem um papel importantíssimo de abrir as portas da cidadania para as crianças e, certamente, é um dos maiores desafios do país”, analisa o escritor e roteirista de TV, César Cardoso. Ele participou de um bate-papo ao vivo com o professor e pesquisador Rico Cavalcanti, na terça-feira, 14 de Outubro, em um encontro promovido pelo cRio.
Para o escritor, a relação da desigualdade com a literatura infantil reflete a falta de investimento na educação. A escola, segundo afirma, é um caminho para que a criança tenha acesso e conheça a literatura, e é através deste lugar que se é possível ter a experiência coletiva, a qual possui o fundamento da cidadania.
Apesar da importância da palavra para a formação do cidadão, o momento atual revela-se crítico, como ponderou Cavalcanti durante a live, pois, com as fake news, a palavra perde seu valor. Na visão de Cardoso, que viveu a ditadura enquanto estudava na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as palavras são um símbolo de resistência: “o que a gente está vivendo, muito fortemente, são formas violentas de calar a nação brasileira, que já tinha uma série de questões, como a da cidadania”.
Além dos desafios políticos, os econômicos, como a reforma tributária e o aumento das taxações dos livros, também trazem mais um impasse na construção da sociedade que faz uso da palavra, o que implica também no papel da cultura. “Um dos pontos importantes para a construção do cidadão é a questão cultural e o livro é o objeto da transmissão dessa cultura. A indústria do livro precisa de todo apoio e isenção fiscal”, completa Cardoso.
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*Matéria escrita por Beatriz Aguiar, graduanda do curso de jornalismo da ESPM e integrante da equipe de comunicação do cRio ESPM.
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